sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Amar a Sabedoria


Hoje é o dia do Filósofo. Não sei especificamente o porque deste dia ser o dia do Filósofo, só descobri que é uma data aleatória. Mas, também não quero aqui e nem pretendo definir o que vem a ser filósofo ou ainda me colocar como um desbravador desse mundo maravilhoso que é o Filosofar, porém – como um amante do saber – sinto-me na obrigação de lembrar-me dessa experiência existencial-intelectual que posso ter com o Filosofar – não de forma sistemática, mas antes poética e dionisíaca, nas palavras de Nietzsche.  Como um filósofo, formado indiretamente por Jesuítas, terei que escolher três aspectos desse filosofar em minha história: o espanto, a solidão e a dança...
                A primeira experiência do filosofar é o espanto, isto é, o deparar-se e o sentir-se num encanto-apavoramento diante do mundo, de Deus, do humano... Em minha primeira experiência, diante do pensamento filosófico, o apavoramento tomou conta de meu ser: de um lado via a incrível capacidade de reflexão de tantos mestres com um temor inseguro e incapaz, de outro espantava de minha pouca capacidade perceptiva de tantas ideias e meditações. O espanto filosófico ainda nos dá a oportunidade de sairmos “da vista apenas de um ponto” e leva-nos a dar atenção ao insignificante tão significativo. Lembro-me aqui daquele principezinho inquieto de Exúpery em suas doces palavras: “Conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor, nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão contas. E o dia todo repete, como tu: ‘Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!’”
                Quanto à Solidão, ouso afirmar que a mesma é uma obrigação histórica-epistemológica do filósofo. Quanto mais entramos na paixão pela sabedoria, mais nos aproximamos dessa solidão em meio à multidão. O filósofo é obrigado a perceber o mundo com olhos salientes, mas quanto mais partilha – pela basilar e frágil linguagem – tanto mais se sente sozinho em seu vislumbre da existência e do mundo que só pode ser pensado e não conhecido. Ao contrário do arrogante, o filósofo se percebe em sua ignorância, em sua inquietude e principalmente em seu problema para si mesmo (Sto. Agostinho).
                 Encerrando, posso falar da dança. Não interpretemos dança aqui de uma forma literal, mas antes como uma oportunidade de atentarmo-nos para a música da existência. O autêntico dançarino é aquele que antes de tudo percebe a música através de seus sentidos e só depois parte para a coreografia, inspirada pelo ritmo. Ao filosofarmos, percebemos os sons da história e em seguida podemos fazer de sua dança um ritmo ético-antropológico-estético, de cujo valor entenderemos na dança existencial e não simplesmente em teorias e livros. Poderia aqui citar, para talvez exemplificar ou ainda somente dançar, a frase célebre de Nietzsche: “Eu não quero ser um santo, eu prefiro ser um palhaço [...] Talvez, eu seja um palhaço.”
                Para não concluir, poderia dizer, parafraseando Merleau-Ponty, que a filosofia é reaprender no mundo; Tornamo-nos seres cada vez mais mundanos, sem preocupação com sermos dignos do céu ou não, mas antes de sermos mais humanos e éticos em nosso seres...



Jackson de Sousa Braga
Só, 16 de agosto de 2013
Dia do Filósofo.

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