terça-feira, 25 de setembro de 2012

Uma atitude diante da educação: processo hermenêutico da proposta educacional.




A educação está passando pela crise atual, devido a mudança de época[1] que se encontra a presente sociedade. Os pensadores e intelectuais são chamados a analisar o momento atual e suas presentes marcar, bem como apontar ideias de como o ser humano e a educação podem melhor se posicionar e educar nesta presente sociedade. Neste sentido, este texto, mesmo que a grosso modo, pretende apresentar algumas ideias sobre o problema da sociedade atual e apontar alguns caminhos propostos, que se acredita serem principais e importantes, para educação – ressaltando principalmente o papel do professor, seguido as linhas da seguinte frase: “A necessidade real é de uma nova atitude diante da educação, começando por um rompimento as tradicionais e ultrapassadas rotinas do ‘fazer pedagógico’”.
            A primeira posição que se pretende é um olhar para a atual mudança na sociedade presente. Conforme dito acima, a sociedade atual vive uma mudança de época e nela se insere a educação como caminho único para o sujeito humano se encontrar frente às novas propostas. Dois fatores se destacam nesta sociedade, a saber: o avanço das tecnologias e o processo de globalização.
            Quanto ao avanço da tecnologia[2], tem-se que destacar a dissolução do “novo”. Na sociedade atual, a todo momento é lançado algo novo e este se perde não imensidão das criações humanas e ainda se deixa perder de vista nas variadas propostas para a educação que sempre se propõe. Isto é, o ser humano está inventado a todo momento algo novo e este se deixa perder sempre, pois nunca é algo presente, mas algo passageiro e momentâneo. Além disso, as tecnologias, num sentido de inventos de objetos e coisas, estão fazendo com que o ser humano crie potência para a preservação da vida e também para disseminação da morte, salientado o paradoxo e a falta de valores e referências.
            Também o processo de globalização tem provocado também grandes consequências paradoxais à vida humana. Por um lado, o ser humano agora tem acesso à informação e conhecimento de forma fácil e rápida. Entretanto, por outro, o ser humano é incentivado pelo mercado que também se tornou globalizado a se tornar um consumista – não de educação, cultura e informação, mas de entretenimento e tecnologias (incluindo livros e objetos) que prometem trazer felicidade e realização de forma fácil e rápida a vida humana (Cf. PONDÉ, 2012, p. 133). Além disso, na sociedade atual se encontra diferentes épocas mentais de seres humanos, isto é, na sociedade atual não existe um padrão de geração, mas uma diversidade de pensamento geracional[3].
            Disto, já podemos concluir a mudança de época que se encontra na sociedade atual. Não é simplesmente uma sociedade que mantém suas metas, valores e costumes, com diferentes manifestações (época de mudanças), mas uma sociedade que assumiu novos valores, metas e costumes, valendo-se de tudo que a época anterior lhe ofereceu (tecnologia, informação etc.). A questão que se encontra vigente é como o professor e a educação vão atuar de forma efetiva nessa nova sociedade, cheia de culturas e valores diferentes?


            Tendo em vista a última pergunta e a reflexão de todo este texto pretende-se apontar algumas possíveis ideias, pensamentos e caminhos para não uma solução, mas uma provocação rumo ao progresso humano em relação à educação.
            Conforme é sabido, depois da Lei 9.394/96, a educação no Brasil tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, o preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho (Cf. FERREIRA, 2008, p.78). Neste sentido, a primeira postura principal que se propõe ao professor é ter a capacidade de contextualizar e trazer para o cotidiano o conteúdo estudado. Esta missão não será fácil, pois, como vimos acima, o cotidiano do estudante tem se tornado um contexto mesclado de ideias, posturas e características cheias de constantes mudanças. Por isso, cabe ao professor entrar no mundo/contexto do aluno e assumi-lo[4] de forma positiva e aberta, apontando as contribuições que a formação educacional, intelectual, humana, política e cidadã podem trazer para sua vida e história.
            Neste sentido, surge a segunda postura que se acredita ser fundamental para o professor, a não-criação de novos métodos e sim o olhar para o passado com olhos críticos – assumindo as posturas corretas e superando as tradicionais e ultrapassadas rotinas do “fazer pedagógico”. Com a visão do contexto do aluno e a união do trabalho educacional (escolas, sociedade, família), pode-se sugerir um Projeto Político Pedagógico[5] e com este caminhar rumo a posturas apropriadas diante da educação. Conforme dito não são posturas novas ou novos modos de lidar com o aluno (conforme já percebemos o “novo” já é um modo falido de encarar a realidade), mas fazer um olhar crítico e bem embasado na visão de que se podem assumir as antigas posturas com uma contextualização hermenêutica.
            Finalmente, podemos propor a terceira postura que se acredita ser importante: a superação do tecnicismo educacional.  O professor assume a postura de transformar, ou melhor, transubstanciar[6] o currículo escolar tendo em vista o aluno, sua cultura e a efetivação no cotidiano do que é aprendido. Por isso, o professor deve superar a uniformidade de pensamento, as abordagens mecanicistas e a inabilidade para intervir criticamente no mundo da prática escolar (Cf. CRUICKSHANK e BRITZMAN apud FERREIRA, 2008, p. 96). Além disso, não se pode esquecer que cabe ao professor a constante atualização e disposição para a atualização de seus conhecimentos.
            Portanto, podemos concluir esse trabalho, apontando que não exaurimos todos os pensamentos e questões da postura e comportamentos dos professores para a educação, mas antes apresentamos algumas posturas que acreditamos serem importantes, principais e fundamentais para a educação do novo milênio. Agora, cabe a nós, educadores e futuros educadores, uma postura de fazer na realidade existencial a diferença cabível na história educacional contemporânea, sempre tendo em vista que não é momento de novas posturas, mas antes um olhar e atuação atentos, críticos e hermenêuticos para a transubstanciação educacional.
Referências Bibliográficas:
  • FERREIRA, Mecira Rosa. Currículos e Programas. Batatais: Centro Universitário Claretiano, 2008.
  • PONDÉ, Luiz Felipe. Guia Politicamente Incorreto da Filosofia. São Paulo: Leya, 2012.


[1] Uma atenção muito grande para a linguagem usada, não é um período de mudanças, mas uma mudança de época que nos encontramos. O momento atual está tirando os referenciais antigos e colocando novos, ou seja, as principais instituições da vida humana estão passando por uma grave crise e dentre elas se encontra a escola. (Cf. http://oecoambiental.blogspot.com.br/2009/10/artigo-frei-betto.html acesso dia 24/09/12 às 15h45min)
[2] Tecnologia aqui não se refere unicamente a inventos e materiais maquinários, mas antes ao sentido original da palvra: τέχνη – arte, num sentido de produzir algo, buscando conhecer-se no que se produz e λόγος – pensamento discurso. Portanto, Tecnologia aqui se refere a produção de algo pelo pensamento, como forma de arte que se refere ao que se é estudado. Não se deve assumir somente no sentido de objetos, mas também de propostas para algum momento da história, para alguma instituição. Aqui podemos dizer que também é tecnologia as novas propostas para a educação.
[3] Podemos encontra Jovens superconectados e pessoas sem nenhum conhecimento internaútico. Além disso, pessoas que acreditam que a fé (pensamento medieval) e/ou tecnologia (pensamento moderno) é o único caminho de salvação e outras que nem acreditam em uma salvação (pós-moderno/ contemporâneo).
[4] Não de forma total, pois deve-se manter ainda o limite e a postura de educador.
[5] Projeto Político Pedagógico: Projeto: Projeção da intencionalidade educativa para futura operacionalização; Político: Define uma posição de grupo, uma proposta coletiva, consciente, fundamentada e contextualizada para a formação do cidadão; Pedagógico: define a intencionalidade formativa e expressa uma postura de intervenção formativa (Cf. EYGE apud FERREIRA, 2008, 82).
[6] Acredita-se que este termo seja mais rico para utilização nesse contexto. O termo transformar se refere a modificação dos acidentes da coisa, já o termo transubstanciar se refere a modificar a substância e não dos acidentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário