segunda-feira, 14 de maio de 2012

O espaço e tempo como condição para o conhecimento.



            Kant (1724-1804), filósofo moderno, coloca-se em investigação sobre como se percebe os objetos e conclui que a sensibilidade os percebe no espaço e tempo, isto é, que a sensibilidade percebe seus fenômenos. Ele então começa a analisar o tempo e espaço para mostrá-los como intuições puras da sensibilidade. Este texto tem por objetivo mostrar, mesmo que a grosso modo, o pensamento Kantiano sobre essas condições para o conhecimento dos objetos, principalmente a presença deles na sensibilidade. Deve-se destacar que Kant intitula seu pensamento sobre a sensibilidade de Estética transcendental.
            O primeiro a ser analisado é o espaço, Kant começa afirmando que o espaço não pode ser conceito formado a partir das experiências externas, mas que é a priori, porque é graças a ele que se pode perceber as coisas como externas ao sujeito, ou em determinado local (ex.: um objeto ao lado do outro). Kant ainda afirma que é possível perceber um espaço que não contenha nenhum objeto, porém é impossível para o ser humano perceber um objeto que não esteja no espaço – aqui observa-se que independente de qualquer condição sempre haverá o espaço. Kant ainda dirá que o espaço não é um conceito, pois só se tem a representação de um único espaço (quando vários espaços são percebidos só se refere a partes de um único espaço). O espaço, com isso, só poderia ser um intuição e não conceito, pois ele encerra em si uma infinitude de representações e um conceito não pode ser pensado enquanto encerra em si essa infinitude.
            Pode-se então observar em primeiro lugar que o espaço é uma condição a priori no sujeito, ou seja, é subjetiva para o conhecimento, pois fora dele o homem não consegue perceber nada; em segundo lugar, o espaço não é mais do que a forma de todos os fenômenos dos sentidos externos, isto é, a condição subjetiva da sensibilidade, única que permite a intuição externa. O espaço é dado no espírito antes de todas as percepções reais, as quais são determinadas pelo mesmo. Kant, ainda irá afirmar que só se tem certeza dessa percepção nos humanos e não nos outros seres. O espaço, portanto, não será condição de possibilidade das coisas em si, mas condição da manifestação das mesmas ao espírito humano.
            Após a análise do espaço, Kant parte para a análise do tempo, o qual será analisado similarmente ao espaço. Ele começa afirmando que tempo não é um conceito empírico extraído de qualquer experiência, isto é, só se pode perceber que uma coisa existe em um determinado tempo ou em outro tempo diferente se se tem a representação do tempo.  O tempo ainda é uma representação que constitui o fundamento de todas as intuições.[1] Todos os fenômenos se passam no tempo, mas este não passa, portanto o tempo é a priori. Além disso, o tempo é sucessivo e não simultâneo, ou seja, o tempo tem apenas uma dimensão, porém sempre existe uma sucessão (um vem depois do outro), não se pode ter dois tempos em um mesmo instante, se o tempo fosse chamado de simultâneo poderia se pensar isso.[2] O tempo também não é um conceito discursivo, ou até mesmo conceito geral, mas um forma pura da intuição sensível, ou seja, não se pode conceber diferentes tempos, a não ser como partes de um único tempo (como no espaço, somente diferente na sucessividade e simultaneidade).
            Daqui também pode-se observar que o tempo é a priori, ou seja, é subjetivo, mas se diferencia em um quesito do espaço, pois o tempo será fundamento para todas a intuições, enquanto o espaço só é das externas.
Pode-se concluir que o tempo e espaço são condições subjetivas que o sujeito humano tem para perceber os objetos. O espaço e o tempo não são coisas, mas formas da sensibilidade. Portanto, todos os objetos são percebidos no espaço e tempo, como fenômenos e não em si mesmo. Pode-se destacar que isso é uma crítica à metafísica, pois ela era considerada como ciência, todavia Kant mostrou que o sujeito não pode perceber os objetos metafísicos – visto que estes estão fora do espaço e tempo (ex.: Deus, alma, mundo, anjo...) – como, então, o homem pode fazer metafísica?


[1] O espaço é fundamento de todas as intuições externas e o tempo é um fundamento de todas as intuições, tanto externas quanto internas.
[2] O espaço é simultâneo, mas não sucessivo, pode haver dois espaços diferentes (ex.: um espaço ocupado e outro não) – mas isso o no modo de perceber, pois o espaço é único – ao mesmo tempo, porém não pode haver um espaço e depois não haver mais aquele espaço como é no caso do tempo.

Referência Bibliográfica:

  • KANT, I..  Crítica da Razão Pura.  Tradução de Valério Rohden e Udo Baldur 
  • Moosburger.  São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Os Pensadores)

Nenhum comentário:

Postar um comentário